O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Fecan), Eder Dal'Lago, critica as condições de muitas rodovias no Rio Grande do Sul e no país. Conforme ele, as condições precárias, a falta de sinalização e a ausência de policiais na estrada são fatores que causam insegurança entre os motoristas.
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_ Muitos acidentes na estrada envolvem caminhões. Por quê? Porque os caminhões estão na estrada sempre, o tempo inteiro. O governo tem incentivado a compra de veículos, inclusive de caminhões, mas não investe da mesma forma nas nossas estradas. Se tivéssemos mais pistas duplas e mais acostamentos, muito poderia ser evitado _ sustenta ele.
Dal'Lago explica que, além de problemas de infraestrutura, sempre há os motoristas que viajam com pressa e se arriscam, e isso vale para veículos de todos os portes.
_ Não é que o número de caminhões aumenta. É que, nessa época, eles ficam no Rio Grande do Sul, eles deixam de circular em outros Estados. Então, temos cerca de 180 mil veículos trafegando por aqui e não temos seguranças em lugar nenhum, nas estradas, nos postos de combustíveis. O caminhoneiro está desamparado _ defende.
Josué Moura tem 33 anos de idade e 13 anos de estrada. Ele conta que, desde que começou na profissão de caminhoneiro, já rodou por estradas de todo o país e que sempre teve cuidado de sobra no asfalto.
_ Eu tento não viajar à noite. Sempre viajo durante o dia. Algumas vezes, os carros tentam nos ultrapassar em locais perigosos. Eu procuro sempre deixar me ultrapassarem, porque, se eu for parar, pode ser pior. Sempre fico pensando que a gente não conhece quem está dentro do outro carro, do outro caminhão, mas sabe que é uma vida _ conta o caminhoneiro.
Conforme Mauri Adriano Panitz, engenheiro de trânsito e especialista em análise de acidentes de trânsito, as condições das rodovias estão entre os principais fatores que causam acidentes e, logo, as mortes no trânsito. O especialista faz uma relação entre outros fatores e lembra que este é um tema complexo.
_ No Brasil, cerca de 3 mil motoristas de caminhão se envolvem em acidentes, e mil motoristas, aproximadamente, morrem por ano no país. É um número assustador e que ainda acaba gerando um déficit nos motoristas. Por isso, pessoas sem experiências acabam sendo contratadas para a função. Outro fator que piora é que, em época de safra, muitos caminhoneiros têm prazos curtos, horários a cumprir e são viagens longas _ explica o professor.
Ainda conforme Panitz, nesta época do ano, com o fluxo maior de veículos pesados, as estradas ficam mais movimentadas, e o tráfego fica mais lento. Com isso, aumenta o número de acidentes, pois ficam maiores os números de ultrapassagens e manobras arriscadas por parte de veículos pequenos _ carros e motos.
O pesquisador alerta que o número de manobras perigosas também aumenta por parte de caminhoneiros. Logo, aumenta, da mesma forma, o número de veículos de grande porte fazendo ultrapassagens e ocupando o sentido contrário da pista, motivo de colisões frontais.
_ O transporte no Brasil é mal administrado pelo governo e pelas empresas de transporte. Mais da metade das nossas rodovias estão em situações precárias e mais de 95% não são duplicadas. Temos o que hoje em dia? Cerca de um milhão e meio de quilômetros e apenas dois ou três mil são de vias duplicadas. Se a maioria das vias fossem duplicadas, elas poderiam reduzir em até dois terços o"